Em entrevista para a Associação dos Jornais do Interior de Santa Catarina (Adjori) Governador Moisés fala do ano de 2019 e expectativas para o ano que vem.
ADI/Adjori – Como está o fechamento do ano?
Carlos Moisés da Silva – Graças a Deus conseguimos fechar o ano honrando a folha de pagamento e diminuindo gastos. Diminuímos cargos comissionados, eram 1.370 em 2013, chegamos a 577 em 2019. Em saúde, pagamos R$ 750 milhões. Aumentou a arrecadação, mas tem os restos a pagar deixados pelo outro governo. E tem que honrar a folha, pagar financiamento indexado em dólar. É um esforço sobrenatural.
ADI/Adjori – É uma boa forma de fechar o primeiro ano de um governante que não tem bagagem política anterior?
Moisés – É, porque veja, se eu tivesse a bagagem política, teria muita dificuldade de fechar as ADRs, por exemplo. E nisso a Assembleia ajudou. Tivemos apoio total. Era proposta do governo reduzir cargos. Talvez tenha sido a sobrevivência do estado. Pelo menos 15 estados ameaçavam não pagar o 13º este ano, seis atrasaram folha de pagamento. É uma situação bem complexa para se recuperar. O que fazemos aqui é tentar conseguir fechar um ano equilibrado, com a expectativa de zerar despesas e no ano que vem continuar fomentando o aumento de arrecadação. O déficit projetado em janeiro era de R$ 2,5 bilhões. Reduzimos para R$ 1,2 bilhão. E ano que vem quero zerar. Aí teremos que ter novas formas de aumentar nossa arrecadação. Uma delas é o combate à sonegação. E existem muitas formas de sonegação. Não há por que o empresário formal se chatear.
ADI/Adjori – Mesmo com dificuldades, o senhor considera que foi um primeiro ano exitoso? O que ficou para trás?
Moisés – Foram vários os avanços. Revisamos contratos que trouxeram economia para o estado. Passamos a comprar melhor. A boa notícia é que isso está só no começo. Uma coisa que frustrou: queríamos fazer o levantamento dos imóveis do estado, mas vimos que o poço é mais fundo do que imaginávamos. Temos cerca de R$ 7 bilhões em imóveis em Santa Catarina. Todos eles, todos, sem exceção, têm um problema. Ou não tem escritura, quando tem escritura, não está averbado. Encontramos um total descontrole no patrimônio de Santa Catarina. Acredito que ano que vem a gente avance nisso.
ADI/Adjori – Meses atrás o senhor disse que já tinha “apanhado muito”. Qual sua avaliação sobre a cobertura da imprensa sobre sua gestão? O senhor acha que foi justa?
Moisés – 100% não. Em alguns casos, a imprensa fez o papel dela, com informação isenta e ouvindo os dois lados. Em alguns casos, havia veículos que estavam ávidos para receber alguma notícia e divulgá-la. É difícil trabalhar isso, porque destoa de veículo a veículo. Isso foi muito bem levantado há pouco tempo, conversando com os empresários, alguns me questionaram muito sobre o tipo de entrega que a gente estaria fazendo por meio da imprensa, porque todos viram que havia notícias boas do governo e se perguntaram por que não ficaram sabendo delas. Por que se a coisa é boa não se fala a respeito? Eles disseram que era injusto. Quando o governo tem que ser criticado, tem que ser criticado mesmo. Mas quando tem uma coisa boa, entendemos que o jornalismo comprometido vai ter que mostrar.
ADI/Adjori – A sinalização de saída do Bolsonaro e de outros políticos do PSL tem gerado paz para o partido? Ele está mais unido?
Moisés – Podemos falar em um partido com outro perfil hoje. Quem dá o tom para o partido são as pessoas que militam. Não houve ainda a saída, porque ainda não há janela para sair. De alma, já saíram, e isso provocou um distanciamento, porque cada um tem as suas pautas. Por outro lado, abre espaço para que a gente trabalhe com novas pessoas que têm uma visão moderada e que também são um pouco mais flexíveis em aceitar outras pessoas no partido. Não existe nada puro, nem a água é pura.
ADI/Adjori – Com relação a nomes, haverá mudança de líder de governo na Assembleia?
Moisés – A liderança troca todo ano. Estamos estudando. Inclusive, como gesto, podemos trazer alguém de outro partido. É cedo para anunciar. Mas certamente será alguém com boa aceitação na Assembleia, com bom trânsito. Com relação ao secretariado, não muda. A gente vai ajustando as coisas. Recebemos agora um software que vai permitir monitorar os indicadores de avaliação do governo. E esta ferramenta é que indicará se os secretários estão indo bem ou mal.
ADI/Adjori – O senhor também terá avaliação?
Moisés – Eu não sou avaliado. Minha avaliação é nas urnas, pela sociedade.