Revolução Farroupilha
No dia 20 de setembro comemorou-se o aniversário da Revolução Farroupilha, que eclodiu nesse dia em 1835 e durou por dez anos. É uma data muito importante para os gaúchos, tanto que hoje é feriado no Rio Grande do Sul, mas também tem muito a ver com Santa Catarina, pois foi através dos “farrapos” que se declarou neste Estado a República Juliana, de curta duração.
Naquela época o Brasil estava uma bagunça. O regime era monárquico. Em 7 de abril de 1831 ocorreu a abdicação de D. Pedro I e o trono brasileiro passou para seu filho Pedro de Alcântara, que tinha cinco anos. Como este era menor de idade, estabeleceu-se um sistema de regência até que, em tese, ele viesse a completar maioridade. Assim, em setembro de 1835, o Brasil era governado por uma Regência Trina, composta pelo Gal. Lima e Silva e mais dois, cujos nomes aqui pouco importa.
O governo do País era excessivamente centralizado. Os governadores das províncias eram nomeados pelo governo central. O período regencial conheceu graves problemas de ordem econômica, administrativa e política, o que levou à eclosão de várias revoltas, tais como: a própria Farroupilha; a Cabanagem, no Pará; a Sabinada, na Bahia; e a Balaiada, no Maranhão.
Com relação ao RGS, na economia, o charque era onerado pelas altas taxas de importação sobre o sal, enquanto o charque platino, seu concorrente, pagava baixo imposto nas alfândegas brasileiras. Os pecuaristas eram obrigados a pagar pesadas taxas sobre a terra. Além disso, ficava claro aos gaúchos que o RGS era relegado à posição de “estalagem” do Império: – Fornecia soldados, cavalos e alimentos durante as lutas fronteiriças. As guerras desorganizavam sua produção e não recebiam indenização por danos sofridos. E mais: os altos comandos das tropas só eram dados a elementos do centro do País, enquanto era o Rio Grande que sustentava as guerras.
Em manifesto lançado às “nações civilizadas”, quando da Proclamação da República Rio-Grandense, o líder Bento Gonçalves justificou a posição assumida, enfatizando que a Proclamação fora o último recurso tentado ante o esgotamento das possibilidades de entendimento entre os gaúchos com o Império do Brasil.
Iniciado em 1835, o movimento teve um ritmo ascensional até1838/39 com a conquista de Pelotas e Rio Pardo e a invasão de Santa Catarina, pois precisavam de um porto marítimo, já que o de Rio Grande estava com os legalistas. A rebelião era sustentada pelos estancieiros gaúchos, que mobilizaram a sua peonada. Em Laguna Garibaldi e Davi Canabarro fundaram a República Juliana em 29.07.1839.
Na iminência de um novo conflito com a Argentina, o Brasil precisava do RGS. Assim, em 28 de fevereiro de 1845 foi assinada a “Paz de Ponche Verde”. O charque importado teve taxação elevada, os gaúchos puderam escolher o presidente da província, as dívidas seriam pagas pelo governo central e os farrapos poderiam passar para o Exército Brasileiro com os mesmos postos que tinham nas forças rebeldes.