Levantamento inédito do Censo 2022 mostra que maioria dos diagnosticados é do sexo masculino; quase 28% são crianças de até 9 anos
Santa Catarina registra 91.588 pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo dados inéditos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (23), com base no Censo Demográfico de 2022. Essa é a primeira vez que o levantamento inclui dados específicos sobre o autismo, graças à Lei nº 13.861/2019, que alterou a legislação do censo para contemplar pessoas com TEA.
O número corresponde a 1,2% da população residente no estado, mesma proporção observada no cenário nacional. Do total, 62,6% são homens e 37,4% mulheres, com predominância masculina especialmente entre os municípios de pequeno porte.
O dado mais expressivo aponta que 27,7% dos autistas catarinenses têm até 9 anos, o que equivale a mais de 25 mil crianças, reforçando a importância de políticas públicas voltadas à infância. Outros 25,4% têm entre 10 e 24 anos, enquanto 12,2% têm mais de 60 anos — entre eles, cinco centenários.
Distribuição e escolaridade
Joinville (8.617) e Florianópolis (7.227) são os municípios com o maior número de pessoas diagnosticadas com autismo em Santa Catarina. Já Santiago do Sul, a menor cidade do estado, tem a maior proporção de autistas em relação ao total de habitantes (2,9%).
Por outro lado, duas cidades — Jardinópolis e São Bonifácio — não registraram nenhuma pessoa com diagnóstico de TEA. Em 78 mil lares catarinenses há pelo menos um morador autista, o que representa 2,8% dos domicílios particulares permanentes do estado.
A taxa de escolarização das crianças autistas de 6 a 14 anos é de 95,7%, mas ainda há cerca de 900 crianças nessa faixa etária fora da escola. A taxa chega a 100% em 195 dos 295 municípios catarinenses. Já entre adultos com mais de 25 anos, apenas 17,9% têm ensino superior completo, índice inferior ao da população geral.
Um retrato inédito e necessário
A coleta desses dados marca um avanço importante para a elaboração de políticas públicas de inclusão e atendimento à população autista. O IBGE reforça que os dados refletem autodeclarações sobre diagnósticos realizados por profissionais da saúde.
A informação é essencial para o planejamento de serviços de educação, saúde, assistência social e para garantir direitos e apoio às famílias.