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Seca avança em SC e derruba produção agrícola

A família Favaretto, do interior de Coronel Freitas, investiu R$ 20 mil na plantação de milho para silagem que seria usada na alimentação das 50 vacas de leite. O plantio foi feito no final de julho, porém os 10 hectares semeados receberam apenas 35 milímetros de chuva em quatro meses, menos da metade esperada para o período – entre 80mm e 90mm. A escassez hídrica não desenvolveu as espigas do milho e os produtores já estimam perdas de 90% do volume de silagem e, consequentemente, redução na produção de leite.

“Colheremos na próxima semana e calculamos uma silagem com apenas 10% de grão, o restante palhada. Isso vai prejudicar a produção de leite, já que é o grão o principal alimento das vacas”, detalha a engenheira agrônoma Ana Lilian, que administra a propriedade ao lado dos pais Lucides e Ana Fátima Favaretto. A família também precisou investir na compra de feno e ração para compensar a falta de alimentos aos animais e está à espera de chuva regular para plantar novamente o milho, fazer rotação de culturas e esperar a germinação das pastagens de aveia, milheto e sorgo cultivadas.

Além do leite, eles também produzem aves e suínos. Para abastecer os 13.800 frangos no aviário, a família construiu um poço artesiano e mantém outro em sociedade com dois vizinhos para manter a granja de 7 mil suínos. “Até agora não tivemos problemas para abastecer o aviário, porém já investimos cerca de R$ 10 mil na contratação de caminhões-pipas para trazer água na granja, porque o poço já não dá conta do abastecimento”, relata Ana Lilian.

Situação preocupa Federação

Os prejuízos relatados pela família de Coronel Freitas retratam o momento vivido pela maioria dos produtores catarinenses, especialmente nas regiões Oeste, Extremo Oeste e Meio Oeste, onde o déficit hídrico no ano alcança 801,9mm, 711mm e 895,9mm, respectivamente, de acordo com dados da Epagri/Ciram. A estiagem no Estado, que teve início em junho de 2019, já se mostra a mais severa desde 2005.

“A situação é preocupante, porque as previsões indicam chuvas abaixo da média até janeiro, o que impactará drasticamente na safra. Sem chuvas, tanto o Governo quanto os produtores buscam soluções paliativas para amenizar o problema”, observa o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) José Zeferino Pedrozo.

O dirigente afirma que um dos pedidos feitos pelos produtores é a maior agilidade nas licenças ambientais para construção de poços artesianos. A burocracia e o tempo de espera não estão acompanhando a urgência da situação da falta de água no Estado. “Precisamos de menos burocracia e mais agilidade nos processos”, grifa Pedrozo.

Prejuízos

De acordo com levantamento feito pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), o Extremo Oeste é a região catarinense cujos cultivos estão em situação mais delicada. Em seguida aparecerem Oeste e Meio Oeste. Milho (silagem e grão), fumo e pastagens sãos as culturas mais atingidas até o momento.

O milho silagem acumula perda média de -6,75% na produção estadual, resultando numa produção esperada de 8,8 milhões de toneladas. Na região Extremo Oeste a perda média é de -13,76%, enquanto no Oeste fica em -7,24% e no Planalto Norte chega a -10,03%. Alguns municípios destas regiões já contabilizam perdas na produção superiores a 60%.

Para o milho grão da primeira safra, até o momento, a perda média esperada para o Estado é de -4,12%. O maior impacto está no Extremo Oeste, onde a quebra de produção média é de -19,07%. No Oeste a perda está em -9,2%. Neste cenário, a produção esperada é de 2,8 milhões de toneladas.

O fumo enfrenta até agora uma redução média de -1,92% no Estado, com produção estimada em 209,7 mil toneladas. Fumicultores do Extremo Oeste já acumulam perdas de -14,16%, no Oeste as perdas são de 7,94% e no Meio Oeste chegam a 6,05%.

Até o início de novembro, diversas regiões registravam impactos negativos da estiagem sobre a qualidade e quantidade de pastagens disponíveis para a produção animal, o que afeta o ganho de peso e a produção de leite, bem como na disponibilidade de água para os animais. As regiões mais atingidas também são Extremo Oeste, Oeste e Meio Oeste, que respondem por 80% da produção leiteira catarinense.

“Os produtores estão avaliando as perdas e vendo se há possibilidades de replantio. Porém, tudo depende se teremos chuvas suficientes para isso. A situação é grave para o setor que no momento também sofre com o encarecimento dos insumos”, alerta o presidente da FAESC.

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