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Terremoto em Lisboa (Ano 1755)

                               Terremoto em Lisboa (Ano 1755)

                        No dia 1º de novembro de 1755, “Dia de Todos os Santos”, ocorreu um Terremoto em Lisboa, quase destruindo a cidade. O sismo foi seguindo de maremoto, hoje chamamos de “Tsunami”, com ondas de até 20 m de altura e incêndios devastadores. Estima-se que morreram entre 30 a 60 mil pessoas e incontável número de feridos. Naquele tempo essa quantidade de vítimas era estarrecedora. Foi um dos sismos mais mortíferos da História. Calcula-se que teria magnitude “9”, na Escala Richter.

                         Portugal era uma Monarquia. O rei era Dom José I. Lisboa era a capital de um país extremamente rico e católico, com tradição na edificação de igrejas e mosteiros e se empenhando na evangelização de suas colônias. O fato de o terremoto ocorrer num dia sagrado, destruído igrejas e monumentos católicos, levantou questões religiosas por toda a Europa, o “centro cultural do Mundo”. Religiosos daquela época interpretaram que o fenômeno teria sido uma manifestação da “ira divina”, em virtude da perseguição das igrejas Católica e Protestante aos judeus.

                  Na ocasião florescia o Iluminismo, que viria revolucionar os sistemas religiosos, filosóficos e políticos. A prioridade é o homem, que deve resolver seus próprios problemas, buscar sempre a felicidade, e não esperar que uma divindade venha fazê-lo. As religiões e seus sacerdotes deveriam ficar fora dos governos, pregando suas doutrinas nos templos e apenas para quem as quisesse. Os estados deveriam ser laicos, com governos escolhidos pelo povo, dentro das leis humanas, e não religiosas. Isto causou um alvoroço na época, pois as religiões pregavam, como ainda hoje, que Deus era bom e misericordioso, tudo resolveria e não permitiria que o mal acontecesse.

                     A tragédia foi largamente discutida e estudada por religiosos, filósofos e a elite intelectual mundial, destacando-se o iluminista Voltaire e o alemão Leibniz, este criador da doutrina “Teodiceia”, que estudava o questionamento da existência do mal e de sua relação com a bondade de Deus. Se Deus é bom, por que existe o mal? É bucha meu irmão! Por favor, não me venha falar em “livre arbítrio”, porque este não interfere de forma alguma nos fenômenos naturais.

                O espaço aqui não me permite uma abrangência maior. Este dilema da “bondade de Deus” e a “existência do mal” é algo que aflige as pessoas inteligentes e que não têm medo de pensar. Que pensam por si próprias, e não pela mente dos outros. Não cometam a insanidade de me trazerem justificativas simplórias, não comprováveis cientificamente. Eu sou fascinado pelo assunto e pela Ciência. Eu, bem, vocês sabem, sou um E. T. Para reflexão de vocês aí vai este poema do gênio iluminista Voltaire:

                    “Ou Deus quis impedir o mal e não pode, ou pode e não quis.

                     Ou mesmo nem quis e nem pode.

                     Se quis e não pode, não é Deus; se pode e não quis, não é bom.

                      Se quer e pode, qual a origem dos males?”

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