Uma pesquisa pioneira no Brasil está sendo conduzida na Unesc para avaliar os efeitos da Cannabis medicinal associada ao exercício físico em pessoas com doença de Parkinson em estágios iniciais. O estudo, em andamento há um mês e sem casos de desistência por efeitos colaterais, já demonstra avanços na segurança e adesão dos participantes.
O projeto é desenvolvido no Programa de Atendimento aos Portadores de Parkinson (ProPark) da Universidade, em parceria com a Santa Cannabis e laboratórios da própria Unesc.
A reitora em exercício, Gisele Silveira Coelho Lopes, destacou o caráter transformador da ciência. “Estudos como este, que unem ciência, saúde e compromisso social, demonstram a força do conhecimento produzido aqui. Quando a pesquisa se alia ao cuidado com as pessoas, ela cumpre o seu papel: transformar vidas por meio do conhecimento. É motivo de grande satisfação ver o engajamento da nossa comunidade acadêmica em um estudo pioneiro, que coloca a Unesc entre as universidades de vanguarda na produção científica nacional”, ressaltou Gisele.
Rigor científico e ausência de efeitos adversos
A professora doutora e coordenadora da equipe farmacêutica, Flávia Rigo, explicou que o estudo é duplo-cego e randomizado, garantindo o rigor científico. “Hoje temos 44 pacientes participando. Metade deles recebe o óleo full spectrum, contendo compostos da planta, e a outra metade utiliza o placebo, que não possui canabinoides. Nenhum participante apresentou reações adversas significativas até o momento, o que já é um dado muito relevante”, explicou.
O protocolo prevê que os 44 voluntários realizem duas sessões semanais de exercícios físicos por 12 semanas, além de tomarem o óleo de Cannabis por via oral. A professora e fisioterapeuta Rúbia Pereira Zaccaron, coordenadora do ProPark, reforçou que o exercício é essencial. “O exercício é essencial para manter a funcionalidade e a autonomia. A Cannabis entra como uma possibilidade de potencializar os efeitos terapêuticos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes”, destacou Rúbia.
O presidente da Santa Cannabis, Pedro Sabaciauskis, que fornece gratuitamente os óleos padronizados, celebrou a parceria. “Essa parceria é essencial para que o estudo mantenha o padrão de qualidade e segurança exigidos em pesquisas clínicas. É um passo importante para gerar evidências sobre o uso responsável e científico da Cannabis medicinal no Brasil”, reforçou.
O estudo é conduzido por uma equipe multidisciplinar e deve apresentar seus primeiros resultados em janeiro de 2026.












