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ColunistasDebora Rada | Você também é responsável pela escola estar “atrasada”

Debora Rada | Você também é responsável pela escola estar “atrasada”

Nessa semana fui convidada do Arco43 podcast (é tipo um programa de rádio, só que gravado, então dá pra ouvir quando quiser) da Editora do Brasil. O tema era tecnologia, metodologias ativas, e um pouco de análise de tudo que foi feito até aqui, nesse momento de educação à distância emergencial. Tive a honra de trocar ideias com educadores incríveis, como a Regiane Taveira, que integra a equipe de produção das aulas remotas do Estado de São Paulo, em parceria com a TV Cultura, com a criadora do canal Professor Global Priscila Furlanetto Lund, com medicação do querido Marcos Keller.

Depois da nossa gravação eu fiquei muito, muito reflexiva. Pensando nos abismos que já falei aqui, na marcação e reforço das desigualdades de acesso. Confesso que sigo idealista, e é por isso que continuo aqui, escrevendo e produzindo o projeto Minha Colega Professora. Eu acredito de verdade que o Direito Humano Universal à educação é um dos pilares mais importantes da humanidade.

Extrapolando, passei a refletir sobre aquela máxima já muito batida “a escola está atrasada”. Está mesmo. A escola de hoje segue os moldes da escola do século passado. Mas a comunicação e o acesso à informação não. Fomos da carta para o “zapzap”. Fomos do telefone com aquelas rodas discadoras para chamadas de vídeo. Fomos de enciclopédias caríssimas para buscas gratuitas no Google. E a escola segue exatamente igual. Só ela não mudou.

Sei que isso se deu por diversas razões. Enumero aqui a resistência da sociedade (afinal quem quer para seus filhos algo que não conhece, ou não viveu?) e a falta de investimento tanto na formação continuada de professores quanto na estrutura das escolas.

Falamos muito de preparar as crianças para o futuro, um tempo onde as jornadas laborais se misturam com a vida pessoal, onde as relações de trabalho já não preveem contratos formais e duradouros (vide a reforma trabalhista), mas queremos uma escola que os forme nos moldes das dos nossos avós!

Falamos muito do professor, num país onde o reconhecimento se dá por uma ideia equivocada de heroísmo enquanto muitos integrantes do executivo e legislativo atuam como verdadeiros vilões. Mas pouco se fala da formação continuada, da oferta de atualizações e melhorias nos instrumentos de trabalho.

Isso não deve ser discutido apenas entre estudiosos, acadêmicos, em programas de rádio, TV ou podcasts. Isso deve ser discutido aí, na sua casa. Aí, com as pessoas que você apoia e compartilha ideias. Enquanto buscarmos na escola e na relação professor-aluno algo nos moldes do que vivenciamos quando éramos estudantes, a escola permanecerá atrasada. Como você contribui para isso?

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