O recordista é nativo do continente europeu e possui um dos voos mais longos já registrado.
Com aproximadamente 16 cm – pequeno o suficiente para caber na palma da mão – o Andorinhão-preto (Apus apus), um pássaro de plumagem escura, possui uma característica intrigante. Por ser uma ave migratória, que passa o verão na região da Península Ibérica e inverna na África Subsariana, ela consegue voar durante 10 meses sem pousar em solo nenhuma vez.
Observações de cientistas levantaram a hipótese de que esses animais permaneciam no ar durante todo o período não reprodutivo, incluindo a migração para a África Subsaariana. Movidos pela curiosidade, um grupo de pesquisadores desenvolveu um trabalho científico acerca do comportamento desse pássaro. O artigo ‘Annual 10-Month Aerial Life Phase in the Common Swift Apus apus’, publicado pela revista científica norte-americana Current Biology, discorre que o Andorinhão-preto é adaptado a um estilo de vida aéreo, onde o alimento e o material do ninho são capturados no ar.
De acordo com o artigo, são principalmente os jovens Andorinhões-pretos que ocasionalmente se empoleiram em árvores ou edifícios antes da migração de outono, quando o tempo está ruim.
De acordo com o portal Ardorin.pt, dedicado a compartilhar conhecimentos sobre os Andorinhões, a espécie é estival (passa o verão) na Europa, norte de Marrocos, Argélia e Tunísia, norte do Médio Oriente e regiões temperadas da Ásia; e invernante na África Subsariana. A espécie pode ser encontrada em todo o território português do final de março até o início de setembro.
Esses bichinhos possuem uma expectativa de vida de 21 anos. Na época de reprodução, os indivíduos não reprodutivos geralmente passam a noite no ar, enquanto as aves nidificantes adultas (que estão na fase de construção do ninho) se empoleiram no ninho. Os pesquisadores equiparam os Andorinhões-pretos com um micro registrador de dados junto de um acelerômetro para registrar a atividade de voo durante aproximadamente um ano. As análises demonstraram que a espécie passa mais de 99% do tempo no ar durante o período de 10 meses sem reprodução.
A atividade de voo também apresentou ser menor durante o dia do que durante a noite, provavelmente devido a episódios prolongados de planar durante o dia ao voar em correntes térmicas.
Em 2023, o Andorinhão-preto foi registrado pela primeira vez em ares brasileiros, no Rio de Janeiro, por um grupo de expedicionários liderados pelos irmãos Gabriel e Daniel Mello, conhecidos no mundo da ornitologia.
Mariana Machado (Jornalismo)