Com o encerramento da COP30, a indústria brasileira começa a avaliar os potenciais impactos das diretrizes acordadas no setor. O destaque da agenda da Conferência foi a criação da Coalizão Aberta de Mercados de Carbono Regulatórios, liderada pelo Brasil e apoiada por países como China, União Europeia, Canadá e México.
A especialista de política e indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafaela Aloise de Freitas, explicou que o foco é o fortalecimento global dos mecanismos. “O objetivo é fortalecer os mecanismos e oferecer interoperabilidade entre os mercados de carbono no mundo todo,” explica. O tema é crucial porque o mercado nacional está em fase de regulamentação e precisa definir as metodologias para quantificar as emissões.
Alerta sobre barreiras comerciais unilaterais
Outra decisão da COP30 com potencial de impacto no setor produtivo é a abertura de diálogo sobre medidas comerciais unilaterais. O debate é motivado por iniciativas como o Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM), uma sobretaxa aplicada pela União Europeia sobre as emissões de produtos importados.
A proximidade da assinatura do acordo entre a UE e o Mercosul aumenta a relevância das regras comerciais unilaterais. O CBAM tem sido questionado por ser uma barreira não tarifária que trata de forma diferente países-membros da UE e países de fora do bloco, o que pode afetar as exportações brasileiras.
Inovação e créditos de biodiversidade em SC
A FIESC (Federação das Indústrias de SC) debateu a participação da indústria na COP30 em reunião de sua Câmara de Meio Ambiente e Sustentabilidade nesta quarta-feira (3).
O líder do Hub de Descarbonização da FIESC, Charles Leber, detalhou a Jornada da Descarbonização, metodologia desenvolvida pelo Instituto SENAI para reduzir emissões de gases de efeito estufa e ampliar a eficiência energética das indústrias.
O CEO da C-Pack Creative Packaging, José Mauricio Coelho, detalhou a estratégia da empresa para compensar emissões por meio de créditos de biodiversidade. A C-Pack, reconhecida com a Certificação LIFE desde 2021, usa o Projeto C-Pack Conserva, no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, como um dos mecanismos.
Coelho destacou o diferencial competitivo no mercado de embalagens para cosméticos: “O mercado de embalagens para cosméticos é muito regulado e atento à questão ambiental. Com a certificação Life e a geração de créditos de biodiversidade, conseguimos nos diferenciar no mercado e também oferecer aos nossos clientes esse diferencial competitivo.” Ele acrescentou que a performance em biodiversidade atrai investimentos ESG e gera novos negócios. “A conexão da performance em biodiversidade traz resultados para os negócios no formato de riscos evitados, oportunidades de mercado, inovação e engajamento,” afirmou Coelho.












