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ColunistasCrônica | O vôo da borboleta | Luiz Llantada

Crônica | O vôo da borboleta | Luiz Llantada

O vôo da borboleta

Pelo que sabemos até hoje, somos os únicos animais pensantes do Universo. Por isso, às vezes, nos deixamos levar pela falsa idéia de que somos fortes, imbatíveis. Que apenas com o uso da nossa inteligência poderemos conseguir tudo o que queremos. Não é bem assim. Alerto-o, porém, que a minha mensagem não é de pessimismo. Pelo contrário, a minha intenção é no sentido de refletirmos sobre a nossa realidade, para termos melhores condições de enfrentá-la e aceitá-la.

Da janela do meu escritório vislumbro o pequeno jardim da minha casa. Olhando por ela, me chamou a atenção o voo de uma borboleta. Aproximava-se do meio-dia. O impacto da luz solar sobre suas asas amarelas faziam-nas brilhar em contraste ao verde escuro das folhagens. Fiquei embevecido com a beleza da cena. De repente, uma brisa soprou fazendo com que a borboleta oscilasse em seu voo, obrigando-a a interromper seu destino e fazer uma aterrissagem de emergência sobre uma folha, na qual ficou a balançar.

Fiquei olhando-a e comparando o quanto a nossa vida é semelhante ao voo de uma borboleta. O quanto somos frágeis e vivemos ao sabor dos ventos ou à mercê de um eventual pássaro faminto que possa vir abocanhar o nosso delicado corpo. Mas não por isso deixaremos de voar. Como diziam os antigos navegadores portugueses: – “Navegar é preciso, viver não é preciso”. É só trocar navegar por voar, e pronto! Lá vamos nós.

A mensagem que me ficou é que cada animal, inclusive o “homo sapiens”, tem uma missão nesta vida efêmera e fugaz: um voo a realizar. E temos que empregar toda a nossa habilidade para que esse voo seja bonito e eficaz, pois somos apenas uma minúscula peça nessa imensa engrenagem que move o Universo. A beleza e a eficácia do nosso voo consistem em atingir nossos objetivos, conquistar coisas e pessoas que nos trarão a tão almejada felicidade.

Temos que ter sempre, porém, consciência dos nossos limites, da fragilidade e leveza das nossas forças física e mental, que nos possibilitarão, ou não, conquistar os nossos objetivos. Enfrentar a força dos ventos que se abaterão sobre nós.

Nem tudo depende da nossa vontade e habilidade, mas também da força dos ventos, da própria sorte e da boa vontade de outras pessoas, o que nem sempre sopra a nosso favor. A lição que fica, do vôo da borboleta, é que jamais devemos perder a humildade, nem a coragem, de enfrentar tudo aquilo que a nossa natureza nos reserva. Temos que estar preparados para gozar o voo suave e para enfrentar os ventos fortes que nos causarão as inevitáveis turbulências.

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