Sombriense descobre o amor pela profissão de tradutora

Algumas pessoas pensam em ser ou começar a trabalhar como tradutor, mas não tem a menor ideia de por onde começar. A sombriense Lara de Araujo Scheffer saiu de Sombrio há quase 11 anos, no fim de 2009. Ela foi morar em Florianópolis, onde concluiu o ensino médio e depois cursou Publicidade e Propaganda.

Iniciando

Ela conta que mesmo antes de seu primeiro contato com tradução, sempre gostou muito de idiomas – inclusive, nunca fez curso de inglês (que é o principal idioma com que trabalha, além do português). “Aprendi por conta própria, principalmente pelo consumo de conteúdo em inglês, como músicas, filmes e séries, sempre legendadas. Em 2012, ainda antes de terminar a faculdade de Publicidade e Propaganda, encontrei um anúncio na internet de uma empresa que estava procurando tradutores de inglês para português, para traduzir artigos diversos para sites que eles mantinham”. Como não exigiam experiência, então, pensou: “por que não, né”? Fez o teste, passou, e foi aí quecomeçou. Na época nem pensava em seguir carreira nisso, era só uma forma de ter alguma renda de um jeito mais fácil de conciliar a rotina com a faculdade, já que podia trabalhar nos horários livres. Depois de algum tempo traduzindo para eles, a chamaram também para trabalhar como revisora, além de tradutora.
Depois dos dois anos trabalhando com tradução, como a empresa deixou de produzir conteúdo traduzido, acabou deixando de lado o trabalho. Lara terminei a faculdade e trabalhou como assistente de e-commerce em uma rede de supermercados, mas percebeu que não era o que queria. “Saí do emprego e decidi “tentar a sorte” com a tradução, já que eu tinha dois anos de experiência. Na época, eu queria mesmo trabalhar com tradução literária, cheguei a traduzir um livro publicado de forma independente pelo autor, mas nunca consegui ir além disso nessa área”.
Ela conta que levou algum tempo pra conseguir entrar de vez no mercado, fez uma Pós-graduação em Tradução de Inglês, mas quando tudo começou a deslanchar, teve certeza de que era o que queria fazer mesmo: “e hoje não trocaria por nada. Realmente me encontrei na tradução, que é o que eu amo fazer.

Legendas e bula de remédio

Atualmente, ela presta serviços como tradutora freelancer pra várias agências de tradução (e também diretamente para algumas empresas), mas também trabalha como coordenadora de projetos de português para uma das maiores empresas do mercado de localização/tradução audiovisual (legendagem e dublagem). “Comecei trabalhando como freelancer para eles, e quando o antigo coordenador de projetos estava pra sair e precisavam de alguém que falasse o idioma pra substituí-lo, fui “promovida”. O trabalho é todo remoto e com horário flexível”, comemora.
Hoje, cerca de 70% do trabalho de tradutora é com legendas para filmes e séries, mas também trabalha com a tradução de sites para empresas de diversos setores (entretenimento, medicina, tecnologia, por exemplo), artigos para blogs de empresas, tradução criativa para materiais de comunicação e marketing (onde tem formação), tradução de aplicativos. “Até bula de remédio já traduzi”, detalha.
“Um dos projetos que mais gostei de fazer e que me orgulha é o filme “El Camino”, que é continuação da série “Breaking Bad”. Sempre adorei a série e foi uma oportunidade maravilhosa poder traduzir as legendas para o filme”, celebra.

Desafios

Para ela, um dos maiores desafios da profissão é ter a disciplina pra trabalhar de forma totalmente remota e independente. Apesar de existirem tradutores que trabalham internamente e contratados por empresas, são raros e a grande maioria trabalha como freelancer/tradutor independente. “Como muita gente está percebendo nesse momento que estamos passando, é difícil traçar o limite entre a vida pessoal e profissional em home office, e isso é algo que tive que aprender na marra, depois de passar vários fins de semana/feriados trabalhando também”, diz. Outro desafio é entrar no mercado, que tem vários nichos: tradução específica de determinados setores, como jurídico, médico, de jogos; tradução juramentada (que só pode ser feita por tradutores públicos concursados), tradução literária, tradução audiovisual, entre outros. Mas apesar de ser um mercado amplo assim e com muita demanda, é um mercado bastante saturado, principalmente nos idiomas inglês/português, onde a oferta de tradutores é enorme. “É preciso insistir, fazer inúmeros testes para agências e empresas e apresentar sempre um trabalho de qualidade para conseguir ganhar seu lugar”, aconselha.

Vantagens

A maior vantagem é, sem dúvidas, para Lara, poder definir meu próprio horário e trabalhar no conforto de casa. Além disso, a flexibilidade dos horários a permite encaixar outras coisas que gosta sua minha rotina, como atividades físicas. “Também gosto muito do fato de que o trabalho raramente é entediante, por ser muito dinâmico: num dia posso estar traduzindo um filme de suspense, no outro uma comédia, no outro uma bula de remédio, e assim por diante. Nunca é só “mais do mesmo”, e sempre acabo aprendendo algo novo enquanto trabalho”, conta.

Só inglês?

Lara também traduz do espanhol para o portugês e cursa italiano

Distorções

Sobre as legendas, questionada sobre o porquê de algumas falas serem legendadas diferente do que seria a tradução literal, Lara explica: “Isso acontece porque na legenda a gente tem que seguir uma série de limitações, tem um limite de caracteres por linha e também de caracteres por segundo. Então as vezes tem que ser adaptado pra caber no limite dependendo do tempo que a legenda fica na tela, conforme o tempo estimado para a leitura pelo espectador”.