O Produto Interno Bruto (PIB) industrial per capita de Santa Catarina é o maior da América do Sul, superando inclusive a Argentina e posicionando o estado na liderança do ranking nacional. O desempenho é atribuído à diversidade e complexidade produtiva de SC, com forte foco em inovação.
O economista Paulo Gala reforçou que o modelo catarinense deve ser replicado nacionalmente, criticando a dependência do crescimento baseado em programas de transferência de renda sem contrapartida em produtividade.
Crítica ao assistencialismo e modelo de desenvolvimento
Gala, que fez a avaliação em reunião de diretoria da FIESC nesta sexta-feira (14), destacou a relação entre o mercado de trabalho e o assistencialismo em SC: “Santa Catarina tem a menor relação entre trabalhadores formais e beneficiários do Bolsa Família do país. O exemplo da economia de SC, baseada na indústria de transformação, produzindo produtos de alto valor agregado e com empresas internacionalizadas, deveria ser modelo para o Brasil”, avaliou.
Em sua análise, o economista argumentou que, embora importantes, os programas sociais, quando não acompanhados de sofisticação produtiva, não geram desenvolvimento sustentável no longo prazo. Ele alertou para o impacto inflacionário: “Nos últimos quatro anos o Brasil cresceu sustentado pelo crescimento desses programas, que atingiram R$ 1,3 trilhão. É um impulso econômico gigante, mas que no longo prazo pressiona a inflação e não traz incremento de renda e de produtividade ao país”.
Para Gala, o Brasil deveria realocar os recursos hoje destinados à assistência para atividades que promovam inovação e industrialização, resultando em uma média salarial mais alta.
Visão da FIESC sobre o cenário econômico
O economista-chefe da FIESC, Pablo Bittencourt, afirmou que o crescimento da atividade econômica de SC, apesar da desaceleração recente, ainda está entre os mais altos do país. Ele atribuiu o bom desempenho à diversificação produtiva, que protegeu o estado do impacto de instabilidades externas, como o tarifaço dos Estados Unidos.
Bittencourt citou os resultados recentes como prova dessa resiliência: “Fomos capazes de ampliar as vendas para mercados internacionais onde já vendíamos e também conquistamos novos mercados, especialmente nos produtos que lideram nossa pauta exportadora”. As exportações de SC acumulam alta de 5,1% no ano até outubro, mesmo com o tarifaço.
Para 2026, Bittencourt espera a retomada da atividade em setores cruciais para a geração de empregos devido ao provável recuo da taxa de juros. No entanto, alertou que o incremento da renda disponível (pela isenção do IR) e juros mais acessíveis podem elevar o endividamento, o que pode gerar uma desaceleração no segundo semestre.












