Uma pesquisa de mais de dez anos, desenvolvida no Laboratório de Cerâmica Técnica (CerTec) da Unesc, resultou na criação da Placa Balística Multicamada, um material inovador com grande potencial para a área de defesa e segurança no Brasil. O projeto, coordenado pelo pesquisador Oscar Rubem Klegues Montedo, gera uma patente e é finalista do Prêmio Inovação Catarinense.
A placa multicamada é composta por diferentes materiais poliméricos e sintéticos e tem um desempenho comparável a produtos de ponta, como o Kevlar, mas com custo reduzido e tecnologia nacional. O estudo nasceu de um projeto da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e envolve parcerias com universidades federais.
Inovação e eficácia comprovada
O pesquisador Oscar Rubem Klegues Montedo explicou que a tecnologia busca oferecer proteção avançada em um cenário de evolução constante de munições. “Projetos dessa natureza têm grande importância porque, em todo o mundo, as munições evoluem constantemente, e isso exige tecnologias de proteção cada vez mais avançadas. À primeira vista, o material parece simples, mas fatores como o tipo de fibra, a configuração e o processo de montagem fazem toda a diferença. É isso que dá ao compósito uma característica única”, explicou Montedo.
A placa foi desenvolvida com uma configuração inédita, combinando fitas sintéticas de poliéster, poliamida e polietileno de ultra-alto peso molecular (UHMWPE) com resina polimérica. O pesquisador reforçou o diferencial do material: “Buscamos uma alternativa acessível e nacional, com a utilização de materiais simples, de mercado, mas com uma configuração inovadora… Sozinhas, essas fitas não suportam o impacto de um projétil, mas, em conjunto e com a disposição adequada, formam um compósito com propriedades mecânicas superiores”.
Testes e potencial de mercado
O material passou por testes rigorosos no Centro de Pesquisa do Exército, no Rio de Janeiro. Montedo destacou os resultados: “Os resultados foram expressivos. Em alguns casos, o projétil padrão não atravessou o material, o que surpreendeu nossos colegas do Instituto Militar do Exército (IME). Mesmo com disparos de fuzil, que possuem energia muito superior, as placas mostraram altíssima capacidade de absorção de impacto, o que representa grande potencial de proteção”.
A reitora em exercício da Unesc, Gisele Silveira Coelho Lopes, reforçou o papel da ciência. “Trabalhos como este demonstram que o conhecimento produzido aqui tem impacto real, com potencial de transformar setores estratégicos do país. A pesquisa nasce do investimento constante em estrutura, qualificação e incentivo aos nossos pesquisadores e estudantes”, afirmou.
O material também apresenta versatilidade para uso em capacetes, equipamentos esportivos e proteções estruturais.
O projeto é finalista do Prêmio Inovação Catarinense Professor Caspar Erich Stemmer – Edição 2025 (Fapesc).