O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta quarta-feira (26), a lei que isenta do Imposto de Renda (IR) trabalhadores que ganham até R$ 5 mil mensais e aumenta a taxação sobre altas rendas. A medida, uma das principais bandeiras de campanha de Lula, começa a valer a partir de janeiro de 2026 e deve beneficiar mais de 15 milhões de brasileiros.
Foco na desigualdade e consumo
Em discurso, Lula defendeu que é preciso governar para aqueles que mais precisam e que o crescimento econômico do país tem no consumo popular a sua base.
“A economia não cresce por conta do tamanho da conta bancária de ninguém, a economia cresce por conta do consumo que a sociedade pode ter a partir dos alimentos”, disse. Ele reforçou a lógica de distribuição de riqueza: “E o rico não fica mais pobre. Se o pobre consome mais, o rico vai ficar mais rico. O rico vai vender mais carne, mais roupa, vai vender mais carro. É isso que as pessoas precisam compreender para se fazer economia”.
De acordo com a Agência Brasil, Lula repetiu uma frase recorrente em seus discursos: “muito dinheiro na mão de poucos significa miséria, mas pouco dinheiro na mão de muitos significa distribuição de riqueza”. Ele exemplificou: “Se você pegar R$ 10 milhões e der para uma pessoa, aquele dinheiro vai virar uma conta bancária e ele vai viver de juros. Pega esses R$ 10 milhões e divide para mil pessoas; aquele dinheiro vai virar alimento, roupa, caderno, vai virar alguma coisa que faz a economia circular e é isso que faz a economia crescer”.
Neutralidade fiscal e quem paga a conta
A nova lei, aprovada por unanimidade pelo Congresso, prevê descontos no imposto para pessoas que ganham entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350. Para compensar a perda de arrecadação, o texto prevê uma alíquota extra progressiva de até 10% para quem recebe mais de R$ 600 mil por ano (cerca de 140 mil contribuintes).
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que a lei é neutra do ponto de vista fiscal. “Quando se fala em ajuste de conta, todo mundo arrepia e com razão, porque todas as vezes que se fez um ajuste nas contas, se fez no lombo dos mais pobres”, disse.
Haddad afirmou que a compensação foi cobrada do topo da pirâmide: “Desta vez, nós resolvemos fazer diferente. Esse projeto é neutro do ponto de vista fiscal. Mas tudo que nós fizemos para ajustar as contas e que causa certa revolta em algumas pessoas, é que o andar de cima foi convidado a fazer o ajuste. Não foi o andar de baixo”, acrescentou.
Apesar da sanção, não houve correção da tabela do IR, que acumula defasagem média de 154,67% desde 1996, segundo o Dieese. A nova lei terá impacto na declaração do IRPF de 2027 (ano-base 2026).












